CBLOL: FURIA, de lampejos ao fracasso
- Lucas William
- 28 de fev. de 2024
- 4 min de leitura
Todos os anos temos projetos falhos envolvendo coreanos no Brasil, onde pensamos: ‘’wow, temos muitos times disputando desta vez!’’ e, na realidade, os coreanos vão embora por underperfom geral do time. A FURIA de 2024 fez mudanças em relação ao antigo roster das quais animaram a comunidade, trazendo para si até um certo favoritismo para irem aos playoffs – algo frustrado no Split anterior. O fato é que nada disso aconteceu e, na realidade, a campanha com Mir e Destroy tende a ser até mais desanimadora, visto a mudança no meio do Split com poucas vitórias.
Então, de quais lampejos eu gostaria de falar? Dos lampejos do time com Betão e Goot, em 2023.2. Tais lampejos onde um time com potencial ficou atrás por critério de tempo, podendo sim ir aos playoffs, diferente do atual que sequer pensa nisso mais. O time com a comunicação abrasileirada e trabalhada desde o início da etapa incorreu em atuações plásticas como, por exemplo, a vitória contra a Vivo Keyd Stars, valendo a última vaga.
Bem, eu sei, estaria sendo desonesto com o leitor se pintasse o time como candidato ao título, o que com certeza não era. Entretanto, gostaria de trazer ao leitor comparações pertinentes e retornar a discussão dos imports, recentemente feita por mim aqui no site.
Panorama atual
Eu não tenho interesse nesse texto de falar sobre os times de cima da tabela, na realidade, o ideal é apontar os times disputando o top 6. No momento em que escrevo, a nota de corta dos playoffs é de 6 vitórias, parando no time da Liberty e seguidos pela Liberty estão o Fluxo e a LOS Grandes. É interessante analisar como os três times são compostos por no mínimo dois ex-Academys, caso da LOS, enquanto os outros são majoritariamente Academys. O motivo de trazer estes dados já se torna muito evidente: a FURIA viria com o antigo roster para brigar contra esses elencos.
Eu entendo a ambição de um time ao contar com coreanos, a ideia era a FURIA estar acima da nota de corte dos playoffs e tornar a disputa mais complicada para os times supracitados. A questão ao meu ver é outra.
Imports

Era dito o Destroy ser um jogador de nível bom para o Brasil e o Mir dispensa comentários, havia ganhado em Minors também. Porém, como desenvolvimento das problemáticas, eu tenho dois pontos:
1) A perda do que é orgânico:
Organicidade no projeto se refere ao time ter consigo algo feito de maneira saudável e espantar problemas desnecessários ao longo da caminhada. A linguagem não ser nativa é um problema de organicidade, por exemplo. Jogadores crus precisando aprender do jogo enquanto usam outra língua também é um problema de organicidade. Barreiras culturais é outro problema de organicidade. A FURIA se meteu em pelo menos três destes problemas ao buscar jogadores. Enquanto a outra era orgânica e poderia se focar unicamente na questão do jogo, esta deveria trabalhar mais passos até atingir um nível maior.
2) Pilar
Por pilar em montagens de elenco, entendo por aquele jogador remanescente ao time anterior capaz de dar continuidade às ideias de um time sem que se tenha de montar algo totalmente novo. É assim que times como paiN, LOUD e RED funcionaram ao longo das franquias e puderam se manter no topo. A FURIA perdeu isso no momento em que trocaram o Goot, jogador remanescente. Ok, eu entendo ter o Zay, Ayu e Tutsz, mas provavelmente com um Split os três jogadores ainda não eram os pontos fortes do time, ainda mais para uma mudança brusca trazendo imports. O Goot vinha fazendo Splits decentes e seu jogo se alterou bem para atender as necessidades do time. Eu entenderia se você mudasse o Betão, por exemplo, visto suas atuações não estarem prontas pra liga principal; ainda sim, é algo trabalhável.
Contrapontos
Um contraponto possível é a ideia da LOS, por exemplo, estar próxima da nota de corte atualmente com uma line totalmente nova. Pois bem, a minha ideia não é necessariamente estar contra a ideia de imports, entretanto, eu tenho certeza que ambas equipes não tinham intenção de se manter na nota de corte e sim passa-la.
Outro detalhe para complementar, todavia, é que mesmo seu time estando numa organicidade decente na primeira vez juntos, pode-se pensar como seria melhor ter jogadores experientes com os coreanos para extrair o melhor deles ou com os Academy para extrair deles o melhor também. E isso é bem simples de entender, visto que o Croc, a exemplo, com times de meio de tabela melhorou a ponto de ganhar três vezes ao ir para um time experiente, ao invés de misturas mal feitas como antes.
Conclusão
Retornando a um ponto do meu desenvolvimento, é importante reiterar o quão à frente a FURIA estaria dos times cheios de ex-Academys atuais, visto terem trabalhado anteriormente juntos. É bem possível que alcançariam os playoffs mantendo a organicidade, pensando em mudanças mais pontuais posteriormente visando o título. Todo trabalho a longo prazo envolve um cuidado maior do que forçá-lo artificialmente e é desse tipo de coisa que estamos acostumados na liga.
Comments