CBLOL: O porquê do draft ser realmente importante, mesmo no Brasil
- Lucas William
- 3 de abr. de 2024
- 4 min de leitura
Com as derrotas de VKS e RED no recente final de semana, abriu-se uma discussão enorme – principalmente quanto à série da Keyd – sobre o impacto dos drafts no resultado e calhou de haver alguns insights não desenvolvidos em minha mente a respeito do problema.
Afinal, o que é draft?
No League of Legends, simplificadamente, é o momento onde duas equipes escolhem os campeões para jogar. Todavia, há um tempero a mais nessa questão, um funcionamento que o próprio jogo coloca, fazendo dessa questão muito importante.

O draft em seu âmago é o reflexo do trabalho feito por um time ao longo das semanas ou meses. Nele, são expostos maneiras de jogar e, sobretudo, onde o time encontra suas forças. Embora defasados pelo meta, os termos weak side e strong side são oriundos não só por estilo de jogador, mas pelo meta e picks. Quando um time escolhe um atirador mais utilitário e procura forças que carreguem pela jungle, top ou até mesmo mid, ele determina o regimento de sua identidade naquele momento. Por isso, reflexo de um trabalho feito há semanas.
Como identificar um bom e um mal draft? Qual a importância dos jogadores?
Bem, não existe uma fórmula exata para determinar um bom e um mal draft. Entretanto, seguindo a ideia de ser um reflexo do trabalho, podemos trazer noções como conforto e identidade para a discussão.
Alguns jogadores tem estilos próprios, ou melhor, estilos dos quais certos campeões fortalecem e são fortalecidos nos jogos. Diante disso, é importante imaginar como num jogo aquele personagem pode combinar com as necessidades do jogador e do time para aplicação. Um exemplo simples é o próprio Heimerdinger, tão discutido neste final de semana, e dos problemas apresentados pelo ProDelta ao aplica-lo.

Neste contexto, entra o ponto: aplicação. Na realidade, o Heimer não era um personagem ruim baseado nos dois drafts, visto que a paiN vinha procurando pressões principalmente no bot com a Kalista (pick do TitaN na primeira partida) para rodar seu jogo. O Heimerdinger, no entanto, procuraria pressionar, para a Kalista não obter vantagens ou pressões (de Dragão, push, a exemplo) e travar o jogo dos tradicionais.
A problemática se prolifera justamente nos termos conforto e identidade: se o campeão foi treinado, era bom num determinado contexto, porém não foi bem aplicado, qual o reflexo? De um trabalho não concluído especificamente naquela posição. A Keyd e principalmente o ProDelta venceram muitos jogos com campeões defensivos e esta parece ser a identidade do jogador, combinando bem com as necessidades do time.
Determinação do draft em geral
Para buscarmos entender nossa liga, primeiro vamos colocar em questão o funcionamento geral desse aspecto do jogo. Vamos pensar, por exemplo, no caso onde os dois times são iguais em nível. Neste sentido, é mais fácil falar do quão importante se trata de escolhas e a sua importância. Ela é capaz de desnivelar por completo uma partida, assumindo protagonismo. Porém, uma camada adicional seria o fator qualidade dos dois times. Quando as equipes são boas, a execução vai tender sempre para quem está com a melhor composição de campeões.
Uma liga que acompanhei neste Split e vejo este ponto acontecer foi a LCS (ainda, claro, não tendo os melhores times do mundo). Nesta liga, quando um time tinha um draft superior ao outro, a tendência era a vitória deles acontecer. O nível não estava muito desigual, ocorrendo de times como Shopify Rebellion vencer a Cloud9, embora sua posição na tabela (da SR) não fosse das melhores.
E então, onde entra o CBLOL nisso?
Não somos bons. Não nos encaixamos na mesma situação supracitada. E aí, como funciona se os dois times forem ruins? O problema do CBLOL, todavia, não é somente a ruindade, mas onde ela aparece. Não pretendo desenvolver tanto, porém, um dos motivos de sermos ruins são nossas limitações demasiadas, podendo aparecer em pool, macro e identidade num geral. O fato é que mesmo nossa liga sendo abaixo de outras, nós ainda somos desnivelados; ao meu ver, há três ou quatro times muito acima de outros e desses três ou quatro, ainda tem a LOUD, superior ao resto.
No CBLOL, o que mais valeu o esforço foi procurar uma identidade, nela se apoiar e aprofundar a forma como se joga nela. A LOUD fez isso por três campeonatos seguidos, com poucas adaptações variando de acordo com o meta. O que quero dizer com isso? Estou dizendo que os "nicks" importam aqui e o draft complementa e muito esse aspecto.
Quando um time com cinco jogadores limitados a seus perfis decidem jogar num estilo totalmente oposto, dificuldades aparecem nos jogos. A paiN, por exemplo, sofreu com isso. E nesse processo todo, a identidade criada pelos times e seus repertórios implementam mais problemáticas. Alguns times tem preferência por early game mais forte, outros por segurança e, embora não sejam escolhas ruins, se contrapõem e se counteram, gerando problemas maiores.
Os jogos caóticos, cheios de lutas, condições de vitória sendo perdidas em decisões ruins, faz a relevância das escolhas de campeões coisas a serem abafadas. Porém, em meio a isso, eu ainda não tiro de forma alguma o valor de se preparar bem pra isso, estudar seu próprio time e o adversário. A realidade é que o bom draft sempre será indissociável de um bom trabalho, por motivos já desenvolvidos; e ainda por cima, é ele quem potencializa as forças de um time.
Embora nosso problema esteja na transferência de boa escolha para boa execução, não ter o primeiro ponto vai fazer do segundo mais difícil ainda.
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